quarta-feira, 27 de abril de 2011

Final Fantasy 1 para NES (jogada a versão de GBA)

Penso que o primeiro turn-based RPG que joguei foi o magnânime Final Fantasy VII para a PSX. Nos dois anos que se seguiram dediquei a minha total atenção a este tipo de jogos, tanto pelas novidades que iam surgindo, como alguns clássicos que eu tinha perdido. No que concerne à série Final Fantasy da Squaresoft joguei também o VIII e IX para PSX, sendo que este último me cativou tão pouco que parei de jogar pouco antes do fim do 4º CD. Comecei a jogar ao X, X-2 e XII para PS2, mas de igual forma nenhujm deles me cativou. O que se teria passasdo, teria a série perdido o encanto após o FF XIII? E como foi o passado? Um crescendo até ao magnífico VII, ou por outro lado um decrescendo que significa uma grande qualidade dos clássicos FF?


Para responder a esta dúvida que permanecia há já alguns anos, decidi começar a jogar o primeiro Final Fantasy da NES, mas visto que saiu um re-release para GBA (acompanhado do FF II, com o subtítulo Dawn of Souls), com melhoramentos visuais (essencialmente) e a adição de 4 dungeons, e que em nada alteraram o sistema de jogabilidade original, optei por esta segunda versão.


(diferença do visual entre a versão original de NES e o remake de GBA)


Interface:

É curioso perceber que o sistema de menu que acompanha todos os FF são tweaks gráficos da versão original. O interface é tão simples e intuitivo que ainda hoje é utilizado, e é quase referencial para os jogos do género. Rapidamente o jogador se habitua aos diversos elementos de interface: world map, city/dungeon exploration, menu, buy/sell menu e battle menu.


Personagens:

Os jogadores que assim como eu se inciairam no género através do FFVII e posteriores estão habituados a personagens jogáveis predefenidos com background e história própria. No primeiro FF nada disto acontece. Ainda a beber muito dos RPG pen and paper clássicos como D&D, os personagens jogáveis são personagens padronizados com classes (Fighter, Red Belt, Thief, Red/White/Black Mage) cujo único factor customizável é o nome. Os personagens não têm qualquer história apesar de serem parte fundamental da narrativa de jogo. Nos dias de hoje este factor seria pouco aliciante para um jogador, mas há-que compreender que aquando da sua criação corria o ano de 1987 e ainda se estavam a dar os primeiros passos nos RPGs.

Ao nível do bestiário e NPCs denota-se também a vasta influência de D&D. Neste ponto tenho de me afirmar amplamente surpreendido: detinha a ideia pré-concebida que este jogo, sendo o primeiro da série e ainda por cima para a consola de 8 bits da Nintendo seria mais limitado em Non-Playing Characters e monstros, facto que não se observa, dando um aspecto dinâmico a um jogo que facilmente o deixaria de ser.


Storyline:

Mais um ponto em que fiquei agradavelmente surpreendido. O enredo da história vai crescendo ao longo do jogo e o conhecimento que vamos tendo das diversa situações situações políticas dos vários reinos e raças presentes no mundo auxiliam a construir a história que não sendo muito complexa (4 heróis têm de obter 4 cristais (cada um dos 4 elementos) protegidos por Bosses até ao culminar do confronto final com Garland) consegue ser aliciante.

Jogabilidade:

Tal como indiquei a nível de interface, o jogo é bastante simples de adaptação a novos jogadores do género.

A nível de longevidade foi mais um ponto positivo do jogo: onde terminei o jogo com umas longas (para um jogo de NES é óbvio) 17 horas de jogo.

A dificuldade do jogo é amplamente relativa ao nível dos personagens . Para mim o jogo foi demasiado fácil. E não o digo para me auto-proclamar o mestre dos RPGs mas devido a grinding* intensivo que o jogo me obrigou, demasiadas foram as ocasiões em que consegui matar bosses de final de dungeon com 2-3 acções! E é aqui que eu penso que o jogo pecava: pela sua demasiada abertura no que concerne ao mundo em si. Numa fase inicial o ritmo em que o mapa se desevenda está unicamente dependente dos meios de transporte que temos á nossa disposição. No 2/4 do jogo, com a aquisição da airship o mundo abre-se estupidamente levando à procura intensiva de elementos para continuar o storyline. E muitas vezes poucas ou nenhumas referências existiam de para onde e como obter dado item, acabvando o jogador por percorrer a pé grande parte do mapa, e fazendo dessa forma um intenso grinding.

Admito até, que devido a este problema fui obrigado a consultar um walkthrough na internet de tão preso que estava no jogo. Para terem uma ideia, todas cidades e dungeons visitáveis são facilmente identificadas no world map. Acontece que um item obrigatório para a progressão do jogo se encontra no deserto, complementamente sem identificação, e que apenas conseguimos descobrir percorrendo o pixel certo. Imagino como é que em 1987 os jogadores que se deliciavam com este jogo conseguiam sequer ter ideia de onde ir?

Nesta falta de informação referente a itens, que foram grandes dores de cabeça para descobrir, há também um ponto positivo de objectos que encontramos no início do jogo para qual não temos função e que se revelam necessários para o final do jogo.

Adiciono ainda que esta falta de informação referente a itens surge também com a party a criar logo no primeiro ecrã de jogo. Das 6 classes disponíveis temos de escolher apenas 4 para jogar, sendo que essa escolha é baseada em informações rudimentares de 1-2 linhas por classe. Um jogador com pouca experiência pode ver-se a braços com uma party desequilibrada que até à evolução de classes (que acontece a meio do jogo) pode significar uma grande dificuldade na progressão de jogo, se por exemplo não tiver disponível nenhum healer, ou, um personagem com grande defesa física para servir de tank à party.

Apesar destes apontamentos ainda considero que FF1 é um belíssimo jogo e um must-play para os fãs do género, nem que não seja para perceberem a génese dos RPGs e qual o caminho trilhado até aos titulos contemporâneos.

Classificação



*grinding =é, nos videojogos, o acto repetitivo de dada acção, por exemplo nos RPGs, em andar a evoluir os personagens através de sucessivos random encounters e da Experiência que aí se ganha.

(Todas as imagens e personagens são propriedade da SquareEnix, Ltd.)

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