segunda-feira, 19 de setembro de 2011

The Terminal




Sim, é verdade, só ontem vimos este filme do grande Steven Spielberg. Era daqueles que estava na prateleira à espera de ser visto e lá aconteceu. Admito que desenvolvi uma espécie de mixed feelings com este filme: se por um lado o conceito e o desenvolvimento  (em parte) me agradaram, e muito, mas por outro, a fórmula envelhecida usada para a catarse do filme, desanimou-me.

Conceito

A ideia subjacente ao filme é simples: imaginem que por uma piada da cruel da lei de probabilidades e da burocracia inerente a um País, alguém se encontra, à melhor forma de o enunciar, um apátrida. Em grande parte inspirado na história real de Mehran Karini Nasseri, que passou 18 anos da sua vida no Aeroporto Charles de Gaulle em Paris. O personagem de Tom Hanks, um homem oriundo de um País fictício do Leste Europeu, vê-se a braços com uma guerra civil no seu país, enquanto viaja para Nova Iorque. Caído nas malhas das burocracias internacionais, Viktor Navorski (Hanks) vê obrigado a viver na área de embarque internacional do Aeroporto JFK, sem nunca poder pisar solo americano.

Elenco

O Tom Hanks é um excelente actor. E apesar de o personagem dele ser uma repetição do Josh Baskin do Big, e é claro, do Forrest Gump. Não quero com isto dizer que ele seja de alguma forma "one trick pony", longe disso, Hanks tem é um carisma hiper-likeable nas suas interpretações, uma aura de pobre coitado, de quem se gosta de ter pena. E Navorski é isto mesmo: uma espécie de bondade pueril no meio da realidade contemporânea nova-iorquina. O que é simultaneamente uma lufada de ar-fresco, e uma incoerência que nos está sempre a afastar do mergulho directo na narrativa: são demasiadas as situações que nos relembram de estarmos a ver uma obra de ficção, quando o conceito subjacente tem como objectivo absorver-nos na quasi-realidade do filme. Do ponto de vista de desempenho, falta-me realçar o óptimo papel de Stanely Tucci, que interpreta o "director" de segurança do Aeroporto. Catherine Zeta Jones, a co-protagonista não consegue afirmar-se no próprio filme. Aliás talvez a intenção de Spielberg nem fosse essa. The Terminal é povoado em grande parte pela participação de Hanks. Diria até, que à excepção de Tucci, o restante elenco não o é: tratam-se apenas de figurantes.

Realização e fotografia

Trata-se de Steven Speilberg. É CLARO que o o visual (e a narrativa visual) do filme são excelentes. Mas disso ninguém duvida. 'Nough said.



Os mixed-feelings que referi no início da crítica centram-se sobre a fórmula adoptada por Spielberg. Enquanto via o filme senti uma espécie de atmosfera de comédia dos anos 80, das quais sou um ávido defensor. Até sensivelmente 3/4 do filme senti que estava perante amis uma obra-prima de Spielberg: senti-me embrenhado na narrativa, no passar dos dias de Navroski e das suas caricatas soluções para os diversos problemas. Esquecendo até que ele parecia deslocado da sociedade ante a forma positiva de ver as coisas, mas atribuí essa explicação à possível sociedade do seu fictício país. O relacionamento dele, com Dixon (o director do Aeroporto), o restante staff, e é claro, o seu romantic-interest, Zeta-Jones, pareceu-me verosímil, ainda que sob o prisma narrativo dos anos 80. Quando (e alerto para alguns spoilers) em simultâneo Navorski sabe que já pode viajar para o seu País, sair para visitar Nova Iorque e que Zeta-Jones o vai deixar por outro homem, a unica coisa que me passou pela cabeça foi "WTF?". Como é que, a catarse do filme é tão irrealista e anti-climática que se resolvem 3 linhas de conflito do personagem em SIMULTÂNEO??!! Penso que foi neste preciso momento que Spielberg perdeu as estribeiras do filme e relembrou-se que é Spielberg. E porque é que digo isto? Porque por mais sangrento, revolucionário, inesperado, que um filme dele seja, a caminhar para o final à sempre um aveludamento "à Spielberg". Apesar de mal tudo acaba bem, de alguma forma. E se acham curioso que se estrague a opinião geral de um filme apenas com os minutos finais do filme.

Não sendo um mau filme (Spielberg sabe fazê-los maus?) não é mesmo o momento mais inspirado. É um bom filme para se ver se se estiver consciente de que forma o próprio filme nos vai esbofetear na cara e fazer-nos lembrar de que se trata de ficção. Impressionante como ele consegue tudo para fazer um filme simplesmente genial e...bem estraga-o....

Qualquer semelhança com a realidade é pura ficção, e 250.000$ dólares pagos pela Dreamworks a Mehran Nasseri. Um filme que poderia levar 5 Erics leva:

Classificação

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